Aos oito anos vendeu limonada, na faculdade inventou cartões de desconto. Já mais crescido, lançou-se no negócio do mel. Agora teve uma ideia tão genial que parece um mito urbano. Claro que a água é muito boa, é a melhor dos EUA.
Duas professoras no intervalo para o almoço viram, numa prateleira de um café de Manhattan, uma fiada de garrafas de bebida: sumo Naked Juice, água Perrier, Smartwater, água da torneira de Nova Iorque.
"Água da torneira?", perguntou Alison Szeli, de 26 anos, pegando na garrafa de plástico e grandes letras cor de laranja: "Água da Torneira. Água de Nova Iorque Purificada." Alison estudou a explicação no rótulo: "Não foram destruídos glaciares para fazer esta água." Depois, comparou o preço. A Smartwater custava um dólar e 85 cêntimos, a Água da Torneira de Nova Iorque custava menos 35 cêntimos.
Szeli e a colega optaram pela da torneira, levaram as suas garrafas para o balcão e pagaram.
"Esta é mais barata", disse Alison Szeli. "No fim de contas, a água é toda igual."
A poucos metros de distância, um rapaz de 29 anos com o cabelo desalinhado, uns jeans e uma T-shirt meio esfarrapada retirava uma palete de Água de Nova Iorque de uma carrinha. Craig Zucker, o fundador da Água da Torneira de Nova Iorque, parou de descarregar as águas para observar as duas mulheres que compravam o seu produto. Aquela cena provava a teoria que pôs em prática há cinco meses, quando lançou a sua companhia, a Tap'd NY (Água da Torneira de Nova Iorque): as pessoas estão dispostas a pagar pela água de Nova Iorque, e não apenas nas facturas que recebem mensalmente em casa.
"Não exige energia ou máquinas de bombear", diz Zucker, "E além do mais é água pura e limpa."
Acontece que a água de Nova Iorque é uma das mais saudáveis dos Estados Unidos - é tão pura que em 2007 a Agência Federal de Protecção do Ambiente declarou que nem precisava de ser filtrada. Os fabricantes de pizzas e de bagels (um tipo de pão) há muito que sustentavam que a água é um ingrediente essencial, um dos segredos da pizza e das bagels de Nova Iorque. É uma água suave, sem qualquer gosto acentuado, a um mineral ou a cloro, como acontece com tantas águas públicas......
No Irving Coffee Co., em Manhattan, que vende cerca de 100 garrafas de Tap'd NY por semana, Muffin Spencer, a gerente, diz que a sua loja cancelou as encomendas de água Poland Spring, que é a marca de água que mais vende nos EUA, depois de duas semanas a vender a marca da sua cidade. "É um passo na direcção certa", observa.
Para já, apenas um cliente se queixou de que a Tap'd não sabia tão bem como a concorrência, mas que, por lealdade, a iria continuar a comprar.
Zucker e o seu parceiro passam os dias a fazer entregas e a tentar vender a ideia a cafés, restaurantes, lojas gourmet e hotéis.
Para já, eles conseguiram vender cerca de 50 mil garrafas e angariar 75 empresas de Nova Iorque como clientes. Zucker quer, até ao Verão, expandir a venda do produto a mercearias e supermercados, e espera começar a abater outras marcas de água até ao fim do ano. Ele não distribui as suas garrafas para fora de Nova Iorque, apesar de receber muitos pedidos de todo o mundo. A ideia, diz, é manter o negócio local.
Durante uma visita recente ao minúsculo escritório da Tap'd NY em Manhattan, via-se uma mesa literalmente a abarrotar de autocolantes promocionais que diziam coisas como "Não vem da nascente de uma montanha longínqua" e "A água engarrafada que é antiáguas engarrafas". Presa a uma parede está a lista das encomendas dos clientes mais recentes, entre os quais estão a loja de roupa Urban Outfitters e o hotel East Marriott.
Do outro lado do átrio, trabalhadores de outras empresas que partilham o andar com a Tap'd aproveitam a pausa e enchem pequenos copos no bebedouro cheio com água Poland Spring.
Vai demorar algum tempo, admite Zucker, para conseguir fazer passar a mensagem a toda a gente.
Este "génio" compra cada 2800 l. de água de New York a 2 dólares cada e vende cada garrafa de 20 cl a 1,5 doláres!
in publico.pt
1 comentário:
epah... simplesmente brutal.
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